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Goticos,Emo e Dark

 

O poder dos símbolos e divindades pagãs é estetizado há décadas pela indústria do entretenimento, por exemplo, através do imaginário dark, gótico ou de todo um "sub-zeitgeist" que fascina sucessivas gerações. Seria o sintoma ao mesmo tempo de tendências depressivas principalmente de jovens e adolescentes e do anseio pela "experiência religiosa imediata". Com o esvaziamento da mitologia política, temos agora o Sagrado e o Religioso como um novo imaginário para canalizar a angústia por transcendência do jovem.

  



"Toda ideologia tem o seu momento de verdade" (Theodor Adorno)

 

Recentemente os alunos da disciplina de Estrutura de Roteiro da Escola de Comunicação da Universidade Anhembi Morumbi produziram seus primeiros Argumentos e Sinopses, apresentando oralmente suas produções na sala de aula. Uma característica recorrente nos argumentos das narrativas apresentadas me chamou a atenção: de 14 estórias apresentadas, quase a metade se inseriam em um imaginário gótico e místico, recheado de simbologias alquímicas, protagonistas esquizofrênicos que não distinguem ilusão de realidade, lugares subterrâneos e mundos paralelos atacados por vampiros etc.

 

Estórias cujos protagonistas em geral adolescentes, que levam uma vida normal até descobrirem que têm estranhos poderes e que são observados secretamente por entidades sombrias. Por que jovens com idades em torno dos 20 anos são fascinados por esse imaginário dark, com tonalidades ao mesmo tempo depressivas e épicas?

   

É marcante o constante revival entre jovens deste universo que ao longo das décadas assume diversos rótulos. 

  

 

Robert Smith do "The Cure": cada década
a mídia explora tendências depressivas
do jovem

Nos anos 70 tivemos o “rock horror” e “glam rock” dos anos 70. Seus ícones foram a androginia do personagem Ziggy Stardust de David Bowie (com a emblemática música “Rock and Roll Suicide” e a relação do jovem com a morte – “Você está velho demais para perdê-la, muito jovem para escolhê-la”) e todo o universo trash e underground urbano sintetizado no filme "Rock Horror Picture Show" - 1975).

 

Nos anos 80 temos o “Dark” sintetizado em ícones como Robert Smith do The Cure e Peter Murphy da banda Bauhaus. Músicas cujas letras se inspiram no universo gótico da literatura romântica dos séculos XVIII e XIX. Replicantes melancólicos (no filme "Blade Runner" - 1982), amores platônicos e a sensação de uma geração ter alcançado a adolescência e juventude no final da festa (daí a nostalgia pós moderna pela década de 50 na moda, arquitetura e filmografia).

 

Nos anos 90 o “Dark” é reciclado pelo “Gótico” e a literatura romântica é substituída pelos contos de terror. Jovens cuja aspiração é a de se tornar seres da noite, com longas capas pretas e lentas de contato especiais que alteram a cor dos olhos.

 

Nesse início do século XXI temos a framquia de filmes “Crepúsculo” e o imaginário musical "Emo" destilando essas tendências depressivas em jovens e adolescentes.